sábado, 25 de dezembro de 2010

Ladrões de Bicicletas - Ladri di biciclette

Revendo algumas resenhas de clássicos do cinema no livro que ganhei de Natal das minhas filhas: "1001 filmes para ver antes de morrer", Editoria Geral de Steven Jay Schneider, tradução de Carlos Irineu da Costa e publicado em 2008 pela Sextante, Rio de Janeiro. É um livro que reúne uma resenha dos clássicos do cinema. Apesar de não concordar com a escolha de alguns filmes é uma excelente leitura.


Ladri de Biciclette foi um filme dirigido em 1948, por Vittorio De Sica, que assisti nos anos 70, num cinema na Rua da Praia onde passavam só clássicos (na realidade filmes antigos ou velhos). Redundante dizer que o cinema não existe mais (deve ser uma igreja evangélica, um estacionamento ou já foi demolido para dar lugar a um prédio de escritórios).


Esse filme mostra a importância da bicicleta para aquela família no pós-guerra italiano e também as desigualdades sociais que marcaram aquela época.

Antonio (no filme vivido por Lamberto Maggiorani) um desempregado na Roma do pós-guerra, consegue um emprego de colador de cartazes de cinema depois que sua mulher penhora as roupas de cama da família para tirar a bicicleta do prego. Porém, assim que ele começa a trabalhar, a bicicleta é roubada. Com Bruno, seu filho pequeno a reboque, ele cruza a cidade tentando recuperá-la, deparando-se no cominho com vários aspectos da sociedade romana, incluindo algumas das mais agudas diferenças sociais.
Ladri di Biciclette ainda que assinado por De Sica é produto de um coletivo, por um lado o elenco constituído fundamentalmente por atores não profissionais, depois ainda o argumento de Cesare Zavattini, Oreste Biancoli, Suso d’Amico, do próprio De Sica, de Adolfo Franci, e de Gerardo Guerrieri a partir da obra homônima de Luigi Bartolini. A emoção triste que a fotografia de Carlo Montuori transmite acompanha o desespero dos personagens que nos contagia também. O filme foi nomeado para o Oscar de Melhor Argumento, que não recebeu, tendo ganho Prêmio Honorário de Melhor Filme Estrangeiro de 1949. Além disso a obra recebeu inúmeras distinções e agradou a um  público não necessariamente simpático aos ideais de esquerda.Foi um dos filmes mais premiados até então, com seu elenco formado atores não profissionais.
Considerado um filme comunista, não foi visto assim nos Estados Unidos à época, ironicamente a única censura que teve foi por que o garoto aparece urinando na rua.
Ladri de biciclette (cujo trailer está disponível no link ou no Youtube) contém o que talvez seja a maior representação do relacionamento entre pai e filho da história do cinema, repleto de oscilações e gradações progressivas em termos de respeito e confiança entre dois personagens.






O papel da bicicleta neste filme é o de ser o fio condutor para expor a relação pai e filho e também as grande diferenças sociais que uma guerra produz. Apenas três anos após o término da guerra a Itália seu povo poderia ser dividido entre os que padeceram na guerra (e agora estão pobres e precisam desesperadamente trabalhar) e aqueles que não sofreram com a guerra, pelo contrário enriqueceram com ela. Pois como dizem os especuladores: quando há sangue nas ruas é o momento propício para ganhar dinheiro.
Abraços,
Lorenzini

sábado, 11 de dezembro de 2010

Pedalar com segurança - Campanha que todos devemos participar!


Sábado, à tarde em especial, se tornou um dia especial para mim. Há tempos vinha buscando um hobby. Encontrei esse hobby no ciclismo e o prazer de pedalar nos passeios aos sábados à tarde. Na minha especialidade médica ficamos confinados em ambientes fechados, sem a luz do dia, sem saber se está chovendo ou fazendo sol. Assim nada mais natural que esses passeios se tornassem um dos momentos mais prazerosos da minha semana.
Agora estou confinado em casa, com raras saídas, o rosto inchado e bastante "assustador" e com isso fico lembrando dos passeios. Hoje quando o Everton me ligou para pedalarmos a fissura ficou mais forte e para compensar estou escrevendo sobre isso. No Blog do Lorenzini descrevi parte desses dias e numa das postagens escrevi que esse período era igual a paciência, paciência, paciência ... Só que ela está se esgotando.
Sem pode pedalar ou fazer outros exercícios sobra "comer de canudinho", ler, estudar, ver TV (já vi todos os Law & Order - mais de uma vez) e o computador. Assim tenho navegado bastante e o blog do Pedal na Noite é o primeiro que abro todas as manhãs.
Visitando o site gostei da campanha que a Gigante Bike e o Pedal na Noite está promovendo. Essa campanha não deve ser só por nós que somos ciclistas por prazer, mas muito mais por aqueles que usam a bicicleta como meio de transporte para trabalhar.
Esse pessoal, que muitos chamam de bicicleteiros, até com um certo desdém,  são os mais vulneráveis e desprotegidos. Com freqüência não dispõe de nenhum item de segurança tanto na bicicleta (farol, sinaleira, dispositivo refletivo, etc ...) quanto para proteger sua integridade física (capacete em especial). Sabemos que muitos desrespeitam as regras do pedal seguro porém muitas vezes o fazem por não terem sido informados ou recebido a educação para isso, são pessoas simples que acham estar fazendo a coisa certa. Assim essa campanha vem em boa hora.
O SAR, serviço de anestesiologia em que trabalho, atende os cirurgiões do IOT (ortopedistas e traumatologistas). Com muita freqüência anestesio pacientes acidentados (ou com seqüelas de acidentes) que são motociclistas ou ciclistas (ou bicicleteiros). No trânsito nos tornamos vulneráveis, mais até que os pedestres, pois disputamos, quando estamos sobre magrela, com os carros e motos o espaço da via pública. Assim quando ocorre um acidente essa vulnerabilidade nos torna as primeiras vítimas, ou as vítimas que sofrem as lesões mais graves.
Sugeri para o Chico (por telefone) que se fizesse uma campanha envolvendo, além dessas ações da Gigante Bike, o poder público através da Secretaria da Mobilidade Urbana e dos vereadores (em especial o Rafael Bortolussi - sobrinho do Chico) e através de outros vereadores que eventualmente o pessoal do Pedal na Noite conheça. Acredito com a liderança do Chico e do Xyko, e os contatos que tem na sociedade possamos fazer uma campanha legal e de alto valor social.
Outro segmento que poderia ser envolvido é a ACISA, para que providenciem lugares adequados para deixar as bicicletas em segurança tanto dos funcionários quanto dos clientes.
Na campanha pela segurança podemos também usar o apelo ecológico e de mobilidade como mostra o adesivo: uma bicicleta a mais um carro a menos e os ônibus menos entulhados de pessoas.
Uma estratégia seria mostrar ao poder público (e à ACISA) que muitas das nossas avenidas e ruas são largas o suficiente para comportar uma ciclovia. Talvez não se consiga uma ciclovia na Av Brasil ou Presidente Vargas mas elas podem ser planejadas para outras vias.
Outra estratégia poderia ser mostrar o relevo da área central e arredores. Temos alguns vales, com algumas subidas íngremes, porém boa parte das ruas da cidade está numa altitude que varia poucos metros. Temos como mapear isso através do Google que alguns colegas dominam tão bem.
Quem sabe, com essa campanha da Gigante Bike e do Pedal na Noite nós consigamos atingir as pessoas fazendo com que elas se respeitem quem usa a bicicleta, sejam eles ciclistas ou bicicleteiros.
Abraços,
Lorenzini

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Prazer em Pedalar adiado por sessenta dias


Muitas vezes temos que parar de fazer o que se mais gosta dando prioridade para a saúde.
Tendo em vista essa parada obrigatória, fiz o Audax de 200 km em Porto Alegre. Pensei, bom vou tomar um "fartão" de selim e assim não vou sentir muita saudade. Ledo engano, passado uma semana do Audax, sempre que sobrava um tempo, já estava pedalando.
Agora já se passaram dezoito dias e a saudade está batendo forte, em especial dos sábados à tarde.
Como já escrevi em postagens anteriores, descobri uma turma muito legal no pedal do sábado. Além dos passeios tradicionais, com alguns já fizemos algumas aventuras que relembro com muita saudade. O oito do pulador, os Caminhos de Pedra e da Colônia, o Vale Europeu, a ida a Ibiaçá, a volta Nicolau-Vergueiro-Ernestina-Pulador-Passo Fundo, a "Rota do Salame" e outras mais "curtas".
Quando fui incentivado pelo Alexandre Higushi a comprar uma bicicleta boa, não imaginava o quanto gostaria desse novo hobby. Ao acompanhar a turma no primeiro passeio cheguei moído em casa (outras vezes também), em outros passeios tombos ocorreram (um bem feio) mas já tinha pego o gosto pelas pedaladas e nada disso me fez desistir.


 Valeu Europeu com a turma do Ceará

 Cascata do Rio do Zinco



Cascata dos Colussi
Andamos por lugares lindos, respirando ar puro (algumas vezes encontramos a máquina passando inseticida, mas vá lá, era da época), passamos por desafios principalmente chuva + barro + frio + noite, longas conversas. Trabalho em lugares que vocês não tem a mínima noção do que está ocorrendo lá fora, se está chovendo, se tem sol, vento ou tempestade. Assim, andar de bicicleta por esses lugares me trouxe enorme prazer, fiquei viciado em endorfinas. 
É disso que sinto saudades.
Se o doutor me liberar volto antes, mas vai ser difícil passar a cantada nele.
Abraços a todos,
Lorenzini